Mystras: Património Mundial da UNESCO em Esparta, Grécia

Visitar Mystras, na Grécia: Património Cultural da UNESCO.
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O sítio arqueológico de Mystras, localizado a cerca de 5 quilómetros de Esparta, integra a lista de monumentos do Património Cultural Mundial da UNESCO desde 1989.

Este local, de notável beleza, esconde palácios e casas bizantinas, igrejas e recantos que merecem ser explorados com tempo. O Castelo de Mystras, no topo da colina, coroa o lugar conhecido como o ‘Wonder of Morea’.

Aliás, o reino de Morea rivalizou com potências globais como Constantinopla, refletindo a sua importância como cidade-fortaleza no panorama mundial.

O legado arquitetónico e urbanístico, incluindo o castelo franco e outras estruturas bizantinas, torna Mystras inestimável para o estudo da cultura medieval de Bizâncio e da Europa em geral.

Acima de tudo, caminhar pelas ruas de Mystras é um prazer, já que a cada instante somos surpreendidos com fragmentos de história.

Assim, neste artigo, exploraremos a história de Mystras, desde a construção do castelo pelos francos no século XIII, o domínio bizantino, otomano e o declínio da cidade-fortaleza no século XVIII. Também incluo dicas práticas para facilitar o planeamento da sua viagem e abordarei questões relevantes.

Então, pronto para esta viagem na História? Vamos a isso!

O período Bizantino de Mystras

Castelo de Mystras, em Esparta.
Castelo de Mystras.

O castelo foi a primeira estrutura construída em Mystras por Guillaume de Villehardouinhá em 1249, o que significa que tem cerca de 800 anos.

Embora tenha sido construído pelos francos, os bizantinos tomaram posse do Castelo de Mystras em 1262, após a Batalha de Pelagónia.

Nessa época, o imperador bizantino Miguel VIII Paleologos ordenou a construção da cidade do lado de fora do castelo.

Porta da Castelo de Mystras.
Porta do Castelo, na cidadela de Mystras.

Os bizantinos normalmente estabeleciam as suas cidades, aldeias, fortalezas e mosteiros próximos a fontes, rios ou lagos com acesso a água potável.

No entanto, em Mystras, eles dependiam principalmente de uma cisterna para recolher água da chuva dentro do castelo.

Os canais subterrâneos de barro, visíveis em algumas ruas da cidade fortificada de Mystras, faziam parte de um sistema central de abastecimento de água, cuja extensão e trajeto exato ainda são desconhecidos.

Além disso, o castelo dispunha de armazenamento de comida que permitiriam à cidade resistir a um ataque por algumas semanas.

Mystras cresceu a partir do castelo e se tornou uma cidade considerável, isto é, com uma estimativa de cerca 40 mil habitantes a viver dentro das suas muralhas.

O crescimento da cidade-fortificada

Cidade Bizantina de Mystras.
Cidade Bizantina de Mystras.

Mystras é uma cidade fortificada bizantina típica organizada em três anéis.

Inicialmente, o castelo foi construído no topo da colina, seguido por um crescimento gradual da população que se estabeleceu nas encostas. Portanto, isto resultou na criação de uma área residencial maior dentro das muralhas, protegida por duas cortinas.

A cortina interna marcava o limite da Cidade Alta, onde ficava a cidadela, os palácios, as casas e o centro administrativo. Esta área servia como uma zona residencial aristocrática.

O segundo anel residencial, conhecido como Cidade Baixa, espalhava-se abaixo da Cidade Alta e era delimitado pelas muralhas externas da cidade.

Nesta área, encontravam-se a Catedral, diversos mosteiros, as residências de funcionários proeminentes e muitas outras casas.

A população camponesa vivia fora dos muros, numa área conhecida como a “Cidade Fora dos Muros”, mas em tempos de perigo, procuravam refúgio no interior da cidade fortificada.

A acrópole bizantina funcionava como a última linha de defesa contra ataques inimigos, pois era o local do posto de comando da guarda, a residência do chefe das Forças Armadas e o quartel-general da guarnição.

Os Mercados Bizantinos

Vista para a cidade baixa de Mystras.
Vista para a cidade baixa de Mystras.

Nas grandes cidades da antiguidade tardia, o comércio ocorria nos mercados públicos (Ágora) localizados no centro da cidade. Além disso, havia lojas nas arcadas, conhecidas como “dovetails,” ao longo das ruas principais.

Durante o domínio dos Palaiologoi, Mystras tornou-se um centro comercial importante na região.

Nos mercados da “Cidade Fora dos Muros,” produtos das terras laconianas, como azeite, mel, citrinos, trigo e, principalmente, seda, eram recolhidos e vendidos nos mercados locais e no Ocidente.

As necessidades dos déspotas e da aristocracia local, incluindo itens de luxo como tecidos, armas e papel, eram resolvidos com importações, principalmente de Veneza e Florença.

Ou seja, isto transformou a cidade num importante centro de comércio internacional.

É provável que os arcos no nível da rua que ladeiam a rua principal da Cidade Baixa de Mystras tenham sido o lugar destinado para o comércio da cidade.

A organização da cidade de Mystras

Uma das entradas para Mystras, na parte inferior do monte Taigeto.
Uma das entradas para Mystras, na parte inferior do monte Taigeto.

Como mencionei anteriormente, a organização do espaço nas cidades fortificadas bizantinas seguia um plano básico composto por três seções.

A acrópole situava-se no topo da colina, formando a fortaleza natural, no entanto, descendo a colina, havia duas linhas de defesa sucessivas, conhecidas como Cidade Alta e Cidade Baixa.

Mystras tinha duas portas principais: a Porta de Monemvasia, que se voltava para a cidade portuária de Monemvasia e conectava a cidade alta e baixa, e a Porta Principal, localizada no topo da colina, com acesso ao Castelo de Mystras.

As principais vias, que dependiam da localização das portas, edifícios administrativos e religiosos, delineavam o layout dos bairros residenciais.

Caminhar entre a Cidade Alta e a Cidade Baixa de Mystras.
Caminhar entre a Cidade Alta e a Cidade Baixa de Mystras.

Cada espaço dentro das muralhas da cidade era ocupado por casas, criando uma impressão geral de harmonia urbanística, evitando o caos urbano.

O cumprimento de normas e práticas de construção tornou a cidade funcional e logicamente organizada, mas é importante notar que os templos e palácios variavam em arquitetura, alguns dos quais foram construídos pelos otomanos após a sua ocupação.

Em todo o caso, o centro da vida política em Mystras estava centrado nos palácios.

Normalmente, os palácios tinham três andares, isto é, o piso térreo para servos e animais, o primeiro andar para a família nobre, e o último andar para instalações reais, como a sala do trono e onde o rei recebia visitantes.

O rei de Mystras geralmente era o segundo filho do imperador, uma vez que o primeiro filho se tornaria o novo imperador.

Enfim, Mystras era um estado fortíssimo, destacando a importância deste pequeno reino conhecido como o Reino de Morias, que abrangia todo o Peloponeso.

Mystras e o Período Otomano

Igreja de Agia Sofia Cidade Alta Mystras
Igreja de Hagia Sofia, na Cidade Alta de Mystras, transformada em mesquita durante a ocupação otomana.

Mesmo depois de o último governante bizantino, Demetrios Palaiologos, a entregar aos turcos em 1460, Mystras manteve-se uma das cidades mais importantes na região e tornou-se a sede de um distrito administrativo otomano (sanjaki).

De acordo com um viajante do século XVII, a população grega continuou a residir dentro das muralhas da cidade, enquanto comunidades muçulmanas, judaicas e gregas deslocaram-se para fora dos muros.

Os habitantes locais dedicaram-se à produção de seda e ao cultivo de oliveiras, vinhas, citrinos, figos e tabaco, mas a maior parte desta produção local destinava-se a exportação para a Europa Ocidental.

Após a conquista otomana, a produção de arte religiosa bizantina chegou ao fim, embora algumas igrejas tenham sido construídas por causa dos cristãos subjugados.

Foi nesta época que construíram a Igreja de São Nicolau em Mystras.

Durante o período de ocupação turca, repararam e ampliaram as muralhas da cidade, bem como as residências mais antigas.

Também construíram novas casas, como no “distrito do Palácio”, e fora dos muros, no “distrito de Krevatadon”, próximo ao Mosteiro de Peribleptos, bem como novos edifícios cívicos expandiram os existentes para responder às necessidades da capital de um “sanjaki” ou distrito administrativo.

As Igrejas de Mystras

Igreja de São Demétrio, na cidade baixa de Mystras.
Igreja de São Demétrio, na cidade baixa de Mystras.

A história das igrejas e a forte ligação dos habitantes com a religião em Mystras são fascinantes, pois existiram 30 igrejas na cidade, um número surpreendente dadas as dimensões da cidade murada.

Algumas destas igrejas foram construídas no século XIV, apesar de durante o período de ocupação otomana, muitas delas terem sido convertidas em mesquitas.

Todas as igrejas eram decoradas com frescos nas paredes e no teto, mas, infelizmente, muitos destes desmoronaram após o abandono da cidade.

Apesar disso, ainda é possível admirar muitas das pinturas que decoram as paredes das igrejas.

A riqueza de detalhes e as cores são impressionantes, bem como as colunas que as sustentam. Um dos exemplos mais notáveis é uma cena que representa o nascimento da Virgem Maria, um tema raro em comparação com as representações do nascimento de Jesus.

Fresco que retrata o nascimento da Virgem Maria, em Mystras, Grécia.
Fresco que retrata o nascimento da Virgem Maria, em Mystras, Grécia.

Cada igreja tinha três partes: a primeira, após a entrada principal, era uma pequena área destinada aos não-batizados, pois não tinham permissão para entrar na parte principal da igreja.

A área central para os crentes batizados, enquanto que o espaço ao redor do altar era acessível apenas aos sacerdotes.

Era de extrema importância manter o espaço sagrado bem separado, e em alguns casos, marcavam essa divisão com uma porta de madeira ou um pequeno muro de pedra.

Uma das igrejas mais importantes é a chamada Igreja de Agia Sofia, em homenagem à mesquita Hagia Sophia em Constantinopla (atual Istambul), nome escolhido pelo rei otomano da época, que quis fazer essa ligação.

Outra igreja importante é a Igreja de São Demétrio, uma basília com cinco cúpulas em forma de cruz, onde, em 6 de janeiro de 1449, coroaram Konstantino Paleólogo, o último imperador bizantino.

Dicas e sugestões para planear a sua viagem

Cúpula de Igreja em Mystras.
Cúpula de Igreja em Mystras.

Escolha bem o dia para visitar Mystras, já que a colina está muito exposta ao sol e existem poucos lugares à sombra.

Use calçado cómodo, pois terá de caminhar sobre terreno com pedras soltas e subir e descer uma quantidade significativa de degraus.

Também é importante referir que apenas existem casas de banho num local em Mystras. Leve água e algo para comer e reforçar as energias.

Existem duas bilheteiras em Mystras, uma no cimo da colina e outra em baixo, portanto, pode escolher fazer o percurso a subir ou descer.

Além disso, existem parques de estacionamento gratuitos junto das duas entradas para o sítio arqueológico de Mystras.

Mystras é conhecido por quê?

Frescos nas Igrejas de Mystras.
Frescos nas Igrejas de Mystras.

O sítio Arqueológico de Mystras é conhecido pelo castelo franco, palácio bizantino e igrejas do período bizantino.

Também é conhecido por ser integrar a lista de monumentos do Património Cultural Mundial da UNESCO.

Vale a pena visitar o sítio arqueológico de Mystras?

Vale muito a pena visitar Mystras, não são pelo carácter histórico do lugar, mas também pelas igrejas e casas estarem bem conservadas.

Além disso, também é um excelente ponto de observação do alto da colina Mystras, com vistas desafogadas para a cidade de Esparta.

Porque Mystras foi abandonado?

Em 1770, a Revolução de Orlov marcou o início do declínio de Mystras, e por volta de 1832, os habitantes mudaram-se de forma definitiva para mais perto da cidade de Esparta, abandonando a cidade.

Vários fatores contribuíram para esta mudança, incluindo conflitos e instabilidade política na região, bem como o declínio das atividades comerciais que costumavam prosperar em Mystras.

Enfim, à medida que o tempo avançava, a cidade perdia gradualmente a sua importância económica e estratégica.

Kostantinos Paleologos foi o último rei de Mystras.

Restaurantes perto de Mystras

Chef do Restaurante Chromata.
Chef do Restaurante Chromata.

De certeza que vai ficar com fome depois de tanto caminhar em Mystras, e a boa notícia é que não muito longe existe um restaurante excelente!

O Restaurante Chromata é um restaurante grego com uma lista cheia de iguarias deliciosas.

Acho que as imagens falam por si, mas para ajudar, veja a descrição dos pratos (em baixo, por ordem).

  1. Pão tradicional em forno a lenha e azeitonas verdes caseiras em salmoura cítrica.
  2. Salada Chronomata, salada colorida com cogumelos, queijo com ervas e molho vinagrete de laranja.
  3. Talagani Messinian, um queijo local frito e coberto com amêndoas e compota caseira de bergamota.
  4. Salteado de acelga, queijo Feta do Monte Taygetus e ovos de codorniz orgânicos produzidos localmente;
  5. Cebola recheada assada com espinafre fresco, pancetta de porco fumada e queijos locais selecionados.
  6. Carne de porco Roumeliotiko em fatias finas, servida em pão pita com tomate grelhado.
  7. Cerveja local: Sparta.
  8. Massa orzo local caseira com frango, abóbora, alho-francês e queijo feta artesanal.
  9. Risoto de legumes com pesto de verbena e queijo Galotyri cremoso.
  10. Bife de frango recheado com pancetta de porco fumada local, cogumelos e queijo Graviera de Naxos e massa Trahana caseira temperada com especiarias bizantinas.
  11. Bolo de laranja com sorvete de baunilha, a sobremesa de assinatura do restaurante Chromata.

Qual é a melhor altura para visitar Mystras?

Quando visitar Mystras?
Visitar Mystras na primavera.

A melhor época para visitar Mystras é durante a primavera, de março a maio, quando as temperaturas são amenas, e a paisagem exibe uma exuberante vegetação verde.

Outra alternativa é explorar Mystras no início do outono, quando o clima ainda é ameno, mas as paisagens adquirem tons dourados e terrosos.

Além disso, o Festival de Paleologia, realizado em Mystras no dia 29 de maio, é uma excelente oportunidade para conhecer a cidade.

Este evento comemora a ocupação de Constantinopla pelos otomanos em 1453 e presta homenagem à família Paleologos, os imperadores bizantinos.

É também uma ocasião para lembrar Konstantinos Paleologos, o último imperador bizantino e déspota de Mystras, que defendeu Constantinopla até a sua morte em 1453.

Por último, é aconselhável evitar os meses quentes de verão. Se não for possível, planeie a sua visita para as primeiras horas da manhã para de evitar o pico do calor.

Onde fica e como chegar a Mystras?

Mystras está localizada a cerca de 5 km a sudeste de Esparta e a 218 km a sudoeste de Atenas.

Partindo de Calamata, eu fiz uma viagem de 104 km que levou um pouco mais de 1 hora.

O trajeto até Esparta tem estradas de fácil condução, nNo entanto, é importante estar atento ao estado das vias, pois estas podem tornar-se mais estreitas à medida que nos aproximamos de Mystras.

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